Entorse de Tornozelo: Um Guia Completo para Prevenção, Tratamento e Recuperação – A entorse de tornozelo é uma das lesões musculoesqueléticas mais comuns, afetando pessoas de todas as idades e níveis de atividade, desde atletas a indivíduos em suas rotinas diárias. Caracterizada por uma torção ou estiramento excessivo dos ligamentos que conectam os ossos do tornozelo, essa lesão pode variar de leve a grave, exigindo atenção e cuidados adequados para uma recuperação completa e para evitar complicações futuras.
O Osasco Notícias preparou um guia detalhado sobre o tema, abordando desde o diagnóstico até o período de licença médica.
O Que é a Entorse de Tornozelo e o CID S93.4?
A entorse de tornozelo ocorre quando há um movimento brusco e inadequado do pé, forçando os ligamentos além de sua capacidade elástica. Isso pode resultar em estiramento, ruptura parcial ou total dessas estruturas fibrosas que são cruciais para a estabilidade da articulação.
Na Classificação Internacional de Doenças (CID), a entorse e distensão do tornozelo são codificadas como CID S93.4. Este código abrange lesões em uma série de ligamentos do tornozelo, como os astragaloperoniais (talo-fibulares), calcâneo-peroniais, colateral interno, deltóide e tíbio-peroneal distal. É importante notar que o CID S93.4 exclui traumatismos do tendão de Aquiles (S86.0), que possuem codificação específica.
Graus de Gravidade da Entorse
A gravidade de uma entorse de tornozelo é classificada em três graus, dependendo da extensão da lesão ligamentar:
- Grau 1 (Leve): Caracteriza-se por um estiramento dos ligamentos, sem ruptura significativa. O paciente pode sentir dor leve, inchaço mínimo e pouca dificuldade para caminhar. A estabilidade do tornozelo geralmente não é comprometida.
- Grau 2 (Moderado): Envolve uma ruptura parcial de um ou mais ligamentos. A dor é mais intensa, o inchaço e os hematomas são mais evidentes, e há dificuldade considerável para apoiar o pé. Pode haver alguma instabilidade na articulação.
- Grau 3 (Grave): Corresponde à ruptura completa de um ou mais ligamentos. A dor é severa, o inchaço e os hematomas são extensos, e o tornozelo apresenta instabilidade acentuada. O paciente geralmente não consegue apoiar o pé no chão.
Sintomas e Diagnóstico: Quando Procurar Ajuda Médica?
Os sintomas de uma entorse de tornozelo podem incluir dor imediata na região afetada, inchaço, hematomas (manchas roxas), sensibilidade ao toque e dificuldade para movimentar ou apoiar o pé. Em casos mais graves, pode-se ouvir um estalo no momento da lesão.
O diagnóstico é feito por um profissional de saúde, que realizará um exame clínico detalhado. A anamnese (histórico do paciente) incluirá perguntas sobre como a lesão ocorreu, a capacidade de apoiar o pé e se houve lesões anteriores. Durante o exame físico, o médico inspecionará o pé e aplicará as
Regras de Ottawa para descartar possíveis fraturas. Essas regras avaliam a capacidade do paciente de dar quatro passos e a presença de dor à palpação em pontos específicos do tornozelo e pé.
Se houver suspeita de fratura ou lesão mais grave, exames complementares como a radiografia do tornozelo podem ser solicitados. Em casos específicos, ressonância magnética pode ser indicada para avaliar a extensão da lesão ligamentar e de outras estruturas.
Tratamento e Cuidados Essenciais
O tratamento da entorse de tornozelo visa aliviar a dor, reduzir o inchaço e restaurar a função e estabilidade da articulação. Na maioria dos casos, o tratamento é conservador e segue o protocolo PRICE (Proteção, Repouso, Gelo, Compressão e Elevação):
- Proteção: Utilizar uma órtese, tala ou bota imobilizadora para proteger o tornozelo de movimentos indesejados.
- Repouso: Evitar atividades que causem dor e limitar o apoio do peso sobre o tornozelo lesionado, especialmente nos primeiros dias.
- Gelo: Aplicar compressas de gelo por 15 a 20 minutos, várias vezes ao dia, para reduzir o inchaço e a dor.
- Compressão: Usar uma bandagem elástica ou atadura para ajudar a controlar o inchaço.
- Elevação: Manter o pé elevado acima do nível do coração, principalmente ao repousar, para diminuir o inchaço.
Além disso, podem ser prescritos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para controle da dor e inflamação. A fisioterapia é fundamental para a recuperação, com exercícios que visam restaurar a amplitude de movimento, força e propriocepção (equilíbrio e coordenação) do tornozelo. Em casos raros de entorses graves com instabilidade persistente, a intervenção cirúrgica pode ser considerada, mas geralmente é a última opção.
Tempo de Recuperação e Licença Médica
O período de recuperação de uma entorse de tornozelo varia significativamente de acordo com o grau da lesão e a adesão ao tratamento:
- Grau 1 (Leve): A recuperação geralmente leva de 2 a 4 semanas. A licença médica, se necessária, costuma ser de poucos dias a uma semana, dependendo da atividade profissional do indivíduo.
- Grau 2 (Moderado): A recuperação pode levar de 4 a 8 semanas. O período de licença médica pode variar de 2 a 4 semanas, especialmente para trabalhos que exigem esforço físico ou longos períodos em pé.
- Grau 3 (Grave): A recuperação é mais longa, podendo se estender por 8 a 12 semanas ou mais. A licença médica pode ser de 1 a 3 meses, e em alguns casos, pode ser necessário um período maior de afastamento para reabilitação completa.
É crucial seguir as orientações médicas e fisioterapêuticas para garantir uma recuperação eficaz e prevenir novas lesões. O retorno às atividades normais, especialmente esportivas, deve ser gradual e supervisionado.
Prevenção: Evitando Novas Entorses
Para prevenir entorses de tornozelo, algumas medidas são recomendadas:
- Fortalecimento Muscular: Realizar exercícios para fortalecer os músculos da perna e do tornozelo.
- Alongamento: Manter a flexibilidade da articulação através de alongamentos regulares.
- Calçados Adequados: Usar sapatos que ofereçam bom suporte e estabilidade, especialmente durante a prática de esportes.
- Aquecimento: Sempre aquecer antes de qualquer atividade física.
- Atenção ao Terreno: Caminhar ou correr em superfícies irregulares com cautela.
A entorse de tornozelo, embora comum, não deve ser subestimada. A busca por diagnóstico e tratamento adequados, juntamente com a adesão às medidas preventivas, são essenciais para manter a saúde e a funcionalidade dessa importante articulação.
Fonte: Osasco Notícias (Baseado em informações da Telemedicina Morsch, Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Associação Médica Brasileira (AMB), CFM e pesquisa médica especializada)