Depois de mais de cinquenta dias de internação, o jovem Rafael Anjos Martins, de 28 anos, faleceu nesta quinta-feira (23) em Osasco (SP), vítima de intoxicação por metanol. Rafael estava hospitalizado desde o dia 1º de setembro, após ingerir gin adulterado com o produto químico. Segundo o G1, o laudo médico apontou 155 mg/l de metanol em seu corpo. Ele é a oitava morte confirmada no estado de São Paulo em decorrência da contaminação. A Polícia Civil investiga o caso.
De acordo com o Boletim de Ocorrência, Rafael participava de uma festa com amigos na região da Cidade Dutra, zona sul da capital, no fim de agosto. O grupo teria consumido uma bebida adquirida em um estabelecimento identificado como Adega Santos. Horas depois, Rafael passou mal e começou a apresentar vômitos e fortes dores abdominais. No dia seguinte, seu quadro se agravou, e ele foi levado ao Hospital Geral de Guarulhos (HGG).
“A vítima começou a gritar que estava cega e foi levada ao hospital pelo pai, acompanhado da mãe”, descreve o boletim.
Segundo o delegado Carlos Alberto Achoa Mezher, do 48º Distrito Policial (Cidade Dutra), o jovem teve perda total da visão e falência dos rins e do fígado, consequências típicas da intoxicação por metanol.
Durante as investigações, a perícia foi até a Adega Santos e apreendeu garrafas fechadas e abertas para análise. O proprietário, Paulo Roberto Marques Gabriel, colaborou com as autoridades e entregou as bebidas que teriam sido vendidas à vítima.
Além de Rafael, outras sete pessoas já morreram no estado por ingestão de bebidas adulteradas. Entre as vítimas estão Ricardo Lopes Mira (54 anos), Marcos Antônio Jorge Júnior (46), Marcelo Lombardi (45), Bruna Araújo (30), Leonardo Anderson (37), Daniel Antonio Francisco Ferreira (23) e Cleiton da Silva Conrado (25).
A morte de Cleiton foi confirmada recentemente, após a conclusão dos laudos periciais. Sua companheira, Jhenifer Carolina dos Santos Gomes, também foi encontrada desacordada e faleceu em seguida. Exames devem apontar se ela também foi vítima de intoxicação por metanol.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, São Paulo já registra 42 casos confirmados de intoxicação, 18 ainda sob investigação e 423 descartados. A maioria das mortes ocorreu em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
As investigações apontam que uma fábrica clandestina, localizada em um imóvel ligado a Vanessa Maria da Silva — presa no início de outubro —, seria a principal responsável pela distribuição das bebidas adulteradas. Segundo o delegado-geral de São Paulo, Artur Dian, os produtos fabricados no local teriam sido vendidos a diversos estabelecimentos em diferentes cidades, incluindo Osasco.
“A principal hipótese é que a fábrica da Vanessa distribuiu para a maioria dos lugares. Já confirmamos três casos com origem direta nessa produção e investigamos outros quatro, alguns em São Bernardo e outros em Osasco”, afirmou Dian em coletiva.
A polícia agora apura se outras vítimas também consumiram bebidas provenientes dessa mesma fábrica. Há indícios de que os falsificadores usavam etanol industrial ‘batizado’, comprado em postos de combustível, para produzir os destilados ilegais que causaram a série de intoxicações no estado.

