Prefeitura de Osasco

O coordenador de Relações Internacionais da Prefeitura de Osasco, Luciano Lub, anunciou sua pré-candidatura a prefeito da cidade pelo PT. Em entrevista ao repórter Rodolfo Andrade ele fala da crise do partido, a saída de Lapas da legenda e por que deseja ser chefe do executivo osasquense em momento de crise que passa o partido.

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“Nunca exerci cargo público eletivo, portanto, o novo sou eu”, diz ele sobre Rogério Lins (PTN).

Osasco Notícias (ON): Nos conte um pouco de sua trajetória política.
Luciano Lub (LL): Venho do movimento estudantil, que considero uma grande escola de política. Como secundarista, participei das manifestações do Fora Collor. Na USP, fui dirigente do Centro Acadêmico dos Estudantes de História entre 1999 e 2001. Aqui em Osasco, militei no PCdoB entre 1997 e 2006. Participei das eleições de 2004 como candidato a Vereador na chapa que apoiava o então candidato Emidio de Souza, que viria a ser nosso prefeito por dois mandatos. Em seu governo, fui Assessor e Chefe de Gabinete da Secretaria de Serviços Municipais (SESM), cujo titular era o hoje Vereador João Gois. Com a saída do Secretário para concorrer às eleições de 2008, fui convidado pelo Prefeito Emidio para assumir a SESM. Já em 2009 assumi a Chefia de Gabinete do Prefeito e, posteriormente, retornei à SESM com a tarefa de extinguir a Secretaria e apresentar a proposta de uma Secretaria de Transportes, a atual SETRAN. Cumprido o objetivo, fui designado para a Secretaria da Cultura, área da qual sempre fui militante, e onde permaneci durante os anos de 2011-12. Fui membro da equipe de coordenação da campanha do Prefeito Jorge Lapas e, em seu governo, assumi a Coordenadoria de Relações Internacionais, onde atuo desde 2013.

ON: Por que você colocou seu nome para disputar as eleições pelo PT?
LL: Sou militante orgânico do PT desde 2007 e membro-fundador do Núcleo Roda Viva de Cultura do PT Osasco. Acredito que, diante da situação difícil que o partido enfrenta, é necessário que se inicie um processo interno de renovação de quadros, de reorganização e de construção de novas perspectivas para o futuro. Faço parte de uma geração de petistas que busca seu espaço e traz ideias novas para a atuação do Partido na sociedade. Os governos do PT transformaram o Brasil e a cidade de Osasco, e isso é inegável. Tenho muita honra em servir à minha cidade no governo Lapas, mas considero que meu Partido precisa agora de muita dedicação de toda a sua militância para que possa se reinventar e enfrentar as enormes dificuldades em que se encontra. Também vejo com preocupação a fragilidade do campo da esquerda em nossa cidade, que tem tradição de luta e de organização da classe trabalhadora. Nesse contexto, não poderia me eximir da responsabilidade de contribuir com a defesa de nosso legado e com a construção de novos caminhos. A campanha eleitoral é um momento precioso para esse exercício. Me sinto preparado para a tarefa e, apesar de jovem, conto com larga experiência na gestão pública. O compromisso que tenho com o Partido me leva a encarar esse desafio não como um sacrifício, mas como um dever. E o fato de representar um projeto coletivo, formado por companheiras e companheiros valorosos, me dá segurança para essa empreitada. Para nós o PT não é um Partido, é um sentimento.

ON: O momento que o PT vive, você acha que uma nova candidatura atrapalha?
LL: Não. Acredito que uma nova candidatura pode ajudar muito. Temos vários quadros de alto nível para disputar as eleições para prefeito, mas a proposta que represento traz o desejo de oxigenar nossas relações internas e de reconstruir nossa relação com a cidade, que já foi mais intensa. O PT sempre foi uma fábrica de políticas públicas reconhecidas e replicadas até internacionalmente e tenho certeza de que pode fazer muito mais pela cidade de Osasco. Em momentos de dificuldades temos que unir forças e boas intenções. E quanto mais pessoas se apresentarem para ajudar, melhor.

ON: O que achou da mudança de partido feita pelo prefeito Lapas?
LL: Acho legítimas todas as mudanças de partido e não julgo aqueles que deixaram o PT, qualquer que tenha sido o motivo. É claro que a saída do Prefeito foi um choque terrível para todos nós que ainda lutamos para juntar os cacos. Realmente, não tem sido fácil. Além dele, perdemos muitos outros quadros valorosos do Partido que o acompanharam para sua nova legenda ou mesmo migraram para outras. Mas o PT de Osasco não está morto e saberá reerguer-se. Desejo sorte aos companheiros e companheiras que saíram do PT e sei que os que ficaram lutarão com muito mais garra por nossa estrela.

ON: Alguns militantes antigos do PT deixaram o partido e tudo indica que vão apoiar um candidato considerado novo. O que pensa sobre isso?
LL: Quando a Luiza Erundina deixou o PT rumo ao PSB, disse: “mudo de casa mas ainda moro na mesma rua”. Hoje ela milita no PSOL enquanto constrói sua nova legenda, de esquerda. Tenho muita dificuldade em acreditar que militantes históricos do PT venham a assumir candidaturas que não representem o campo ideológico da esquerda. Se isso vier a acontecer, para mim, será profundamente lamentável. Legítimo, mas lamentável.

ON: Rogério Lins representa o novo? E o por que?
LL: Tenho boa relação e muito respeito pelo vereador Rogério Lins. Fomos colegas por um pequeno período no secretariado do governo Emidio de Souza. Se considerarmos a sua idade, sem dúvida é um jovem, assim como eu. Mas do ponto de vista da atividade política não vejo nenhuma novidade. É um político tradicional, terminando seu segundo mandato. Nunca exerci cargo público eletivo, portanto, o novo sou eu.

ON: O que acha do governo Lapas?
LL: Tenho muito respeito pelo prefeito Lapas e considero seu governo empenhado em colocar em prática o programa que o elegeu em 2012, pelo PT. Fomos colegas no governo Emidio e participo de sua equipe desde o início do mandato. Prefiro não avançar nessa análise e deixá-la para o momento da campanha.

ON: Quais serão suas bandeiras caso seja aprovado pelo partido?
LL: Minhas bandeiras serão os compromissos históricos do Partido dos Trabalhadores com a emancipação da classe trabalhadora, com a defesa dos direitos humanos, com a inclusão social e contra qualquer tipo de preconceito ou intolerância. Quero fazer da campanha um processo de propaganda desse ideais e de recuperação de nosso papel na esquerda osasquense. A dignidade da pessoa humana, a cultura, a juventude e um novo modelo de ocupação do espaço público serão os acordes. E a melodia será a radicalização da participação popular.